Zabelê em Filme (p&b em processo C41)

Um breve apanhado de um registro quase perdido e especificidades técnicas sobre filme e revelação.

Meio que sem querer achei perdidas na nuvem um conjunto de imagens que não achava já há algum tempo em meu acervo: alguns registros em filme do Reisado de Zabelê.

Lembro que quando comecei a dualidade do filme/digital, o filme acabou assumindo um aspecto mais autoral de minha parte, creio eu que a estética ajudou, enquanto no digital eu produzia trabalhos mais sérios e “certinhos”.

A Burrinha

Lembro bem, durante essa viagem, que as pessoas perguntavam o que eu fazia com uma câmera tão antiga ali. A câmera em questão era uma Yashica Electro 35 GSN de 1973 com uma lente fixa 45mm f/1.7, a minha em particular, cheia de um fungo que pode ser percebido no lado esquerdo das imagens.

Nessa época eu estava desenvolvendo um interesse peculiar em fotografia preto e branco, tinha tido meu primeiro contato com trabalhos dos mestres Henri Cartier-Bresson e Sebastião Salgado. Estava determinado a só fotografar p&b desde então, o único problema é que havia um impecilho técnico muito importante: eu não sabia revelar meus próprios filmes e os únicos lugares em João Pessoa que à época revelavam (hoje não há mais nenhum) tinham apenas minilab à disposição.

Um menino arrisca tocar um pandeiro emprestado

Além disso, fazendo uma breve retrospectiva às revelações dos meus filmes da época eu chuto que, no mínimo, os químicos do minilab estavam vencidos pois era de uma qualidade sofrível. Isso é perceptível também nestas imagens pelo tom esverdeado no que deveria ser apenas escala de cinza.

Ah, eu quase esqueci, como então eu acabei fotografando em preto e branco e ainda mais revelando num minilab, como acabei de mencionar? Havia um filme preto e branco produzido pela Kodak, hoje já descontinuado, que tinha seu processo de revelação em C41. O BW400CN tinha velocidade 400, ou seja, um filme super versátil e me permitiu arriscar alguns rolos em p&b antes de montar meu próprio processo de revelação. Naquela época este filme já era um pouco mais caro do que coloridos e p&bs mais caros como o Ilford HP5, mas valeu o investimento.

Qual o segredo?

O BW400CN infelizmente não é mais fabricado mas, se você algum dia se interessar em tentar fazer algo parecido, ainda há disponível no mercado o Ilford XP2 Super 400 que também se revela em C41 e tem um contraste belíssimo.

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